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Primeiros moradores: foreiros da antiga fazenda construída no Jardim Catarina

Antigo trabalhador da fazenda Boa Vista do Laranjal e um dos primeiros moradores do Jardim Catarina, Zé Vitor exerceu na venda dos lotes uma oportunidade de gerar renda

Atualizado em 29/08/2025 às 18:08, por Pitter Mendes.

Foto antiga de Zé Vitor. A imagem retrata Zé Vitor sentado à mesa, com as mãos cruzadas sobre uma toalha. A foto foi tirada em ambiente interno. No centro da foto, Zé Vitor com cerca de 60-70 anos, usa óculos de armação fina e tem cabelo curto escuro e penteado para trás. Ele veste uma camisa rosa social de manga, com uma caneta azul escura no bolso. Use uma calça escura e um relógio no pulso esquerdo. Sua expressão facial é neutra, e ele olha diretamente para a câmera. O fundo da imagem é uma parede branca e lisa, sem decorações, com um canto sutil à direita. O piso é de madeira escura, com tábuas aparentes.

Em 1953, quando começaram as vendas dos lotes no Jardim Catarina, não houve qualquer providência em relação aos chamados foreiros (funcionários) que moravam e viviam daquelas terras. Assim, eles viram sua única fonte de renda acabar.  Entre eles, José Vitor que mais tarde se tornou o primeiro corretor do Jardim Catarina.

Os primeiros moradores do Jardim Catarina foram os próprios foreiros que receberam indenizações dos novos proprietários, alguns foram embora, outros garantiram a moradia no território. Para atrair mais moradia, a empresa Jardim Catarina S.A promoveu prêmios para quem construísse as primeiras casas. José Vitor fez a dele na Avenida Santa Catarina, localizado na rua 7, onde ficava o conhecido Bar do Mancuso e ganhou uma geladeira. Em pouco tempo, ele vendeu e comprou um lote na entrada do Jardim Catarina que ao longo dos anos foram vários comércios como bar, mercado, entre outros. Os netos e herdeiros de Zé Vitor vivem até hoje nos imóveis adquiridos pela família.

Lugar para morar, mas sem lugar para plantar

Devido a decadência da produção de laranjas, esvaziamento do campo por conta da chegada do progresso e industrialização, alguns foreiros moradores da antiga fazenda Boa Vista do Laranjal, tiveram que reinventar suas ocupações de trabalho. A produção e vendas de laranjas já não era algo tão promissor financeiramente, até porque as vastas plantações deram lugar aos lotes que progressivamente eram construídos e ocupados. Daí a necessidade de alguns antigos foreiros, que viram na venda de lotes autorizadas pelos empresários que lotearam a fazenda, uma forma de trabalho e rendimento, o que deu ao Zé Vitor uma grande popularidade no recém loteamento.

Ou seja, não tinha mais as laranjas para vender, mas tinham os lotes. A primeira barraca de venda de lotes de Zé Vitor ficava situada na entrada do loteamento, um pequeno cômodo de madeira com apenas uma abertura e um balcão, coberta por uma telha de amianto (ou brasilit como é conhecida). Ali as pessoas que adquiriram um lote, junto com Zé Vitor, localizavam os mesmos nas plantas e em seguida, iam andando pelas ruas em busca de seus lotes comprados.

Devido ao tamanho do loteamento e grande quantidade de lotes, quem foi por conta própria procurar seus terrenos, acabaram construindo casas em locais errados, fora os que não encontraram seus lotes. Zé Vitor, levou o resto de sua vida vendendo lotes no Jardim Catarina.

Com o tempo, surgiram algumas imobiliárias em salas comerciais construídas na avenida Santa Catarina entre as ruas 1 e rua 10, local onde se concentrava o centro comercial do loteamento nas décadas iniciais de seu surgimento.