Participação popular é decisiva para garantir R$152 milhões em investimentos na Ipuca
Por critério do Ministério das Cidades, o projeto só avança com aprovação dos moradores. Próximo encontro acontece nesta quinta-feira (9).
O projeto prevê além das pbras de infraestrutura, criação de áreas de lazer e implantação de novos espaços comunitários
A Ipuca, no Jardim Catarina, foi beneficiada pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Urbanização de Favelas, com um investimento de R$152 milhões, mas pela falta de participação popular, corre o risco de ter esse recurso congelado pelo Ministério das Cidades.
O projeto “Nova Ipuca”, do programa Periferia Viva, do Governo Federal, prevê para a região além das obras de infraestrutura, o reconhecimento do direito das famílias à posse dos terrenos e moradias onde vivem (regularização fundiária), reformas e adaptações que tornam as casas mais seguras e adequadas para morar (melhorias habitacionais), além da criação de áreas de lazer e implantação de novos espaços comunitários, impactando diretamente os cerca de 9 mil moradores da região.
No entanto, a realidade dos moradores faz com que eles desacreditem do programa. É o que afirma a comerciante Janaina Rodrigues, moradora da Ipuca há mais de 25 anos.
“Os moradores desacreditam nas melhorias, desacreditam no asfalto, desacreditam até da ONU Habitat. Devido a muitas promessas, muito tempo perdido. Muitas vezes prometeram que vão fazer, que vão asfaltar. Isso já criou uma grande situação, virou uma bola de neve e agora com o coração fechado, a gente fala em vão. Ninguém acredita, simplesmente não acredita. Até os mais antigos, mais novos, simplesmente não acreditam. É muito difícil a situação de alguém acreditar, dar um voto de crédito, de abrir o coração”, lamenta Janaina.
Aqui quando chove é a lama, quando não chove é muita poeira

Hulck, morador e Presidente da Associação de Moradores da Ipuca, destaca que a falta de esperança dos moradores é fruto de promessas nunca cumpridas.
“A situação hoje, da Ipuca, é que até a presente data a gente não tem água de verdade. O que chega é só promessa, o saneamento nunca veio. A gente aprende a se virar, mas não é vida digna. Não culpo os moradores por terem esses comportamentos e, sempre que posso, eu os incentivo a acreditarem.”
O pensamento do morador é que cada vez mais vamos ficando para trás. Temos esgoto à céu aberto, quando vem a chuva a situação piora porque mistura esgoto com água da chuva. Infelizmente, a Ipuca é a parte mais desvalorizada do bairro por sofrer com enchentes, poeira, esgoto e falta de água. Hulck, Presidente da Associação de Moradores da Ipuca
Por que eu, enquanto morador, preciso comparecer nas reuniões da Nova Ipuca?
De forma bem objetiva: sem a participação dos moradores e sem a aprovação coletiva do projeto de obras, o dinheiro não é liberado — as obras são canceladas e o recurso se perde.
A participação popular não é um detalhe: ela é uma exigência do programa Periferia Viva, do Ministério das Cidades. Isso significa que, se a comunidade não se mobilizar e não estiver presente nas decisões, o projeto simplesmente não sai do papel — e quem perde com isso somos nós mesmos, moradores, que deixamos de ter melhorias reais na nossa vida e no nosso território.
“Um projeto para o território só tem sentido real quando é construído junto com quem vive nele e conhece suas necessidades de perto. A participação da população é o que transforma um plano em algo vivo, que faz diferença na prática. Quando as pessoas se envolvem, o projeto deixa de ser algo imposto e passa a refletir os desejos, os sonhos e as prioridades de quem vai usufruir dos espaços e serviços. Política pública que vem de cima para baixo não é efetiva, ela precisa nascer da escuta e da construção coletiva com a comunidade”, afirma Camila Barros, analista de programas do ONU-Habitat, que atua em parceria com o Governo Federal e a Prefeitura de São Gonçalo no programa.
Por isso, o olhar das moradoras e moradores, a sua voz e a sua presença são fundamentais para que a Nova Ipuca seja de verdade um projeto feito por e para todos.” , afirma a coordenadora da ONU Habitat.
A próxima reunião acontece nesta quinta-feira (9), às 9h30, no Posto Territorial Nova Ipuca (dentro do Posto da 46). O encontro é uma Oficina Devolutiva da Leitura Técnico-Comunitária para mostrar o que já foi levantado sobre o bairro e para ouvir moradores sobre quais atividades sociais fazem sentido para a comunidade além da obra. Para confirmar presença e para mais informações, entre em contato com o WhatsApp: (21) 99353-8045





