'Operação no Jardim Catarina': afinal, onde?
Desinformação da mídia e do poder público causa pânico e ignora a diversidade do território
Na manhã da última terça-feira (2), uma troca de tiros na BR-101, em São Gonçalo, deixou um morto e uma mulher de 43 anos ferida. José dos Santos Fernandes, de 76 anos, morreu após ser baleado dentro de um ônibus que faz a rota Niterói-Magé, na altura do Jardim Catarina. Uma mulher também foi atingida enquanto passava de carro pela mesma região.
Enquanto a grande mídia noticiava “Operação policial no Jardim Catarina”, muitos moradores se perguntavam: No Jardim Catarina? Onde?, ao mesmo tempo em que outros de fato viveram a tensão da mesma. A falta de informação alimentada pelos próprios órgãos governamentais e também pela grande mídia causa pânico, reforça o medo e espalha boatos.
Segundo um levantamento feito pelo O Catarinão com base nos relatos dos próprios moradores, a operação se concentrou no Jardim Catarina Novo. O caveirão (carro blindado da Polícia Militar) foi visto nas Avenidas Paulo VI, Av. Marcos da Costa e Rua Ouro Branco, e em outras ruas que compõem essa região.
Durante a produção desta matéria, perguntamos mais de uma vez à Polícia Militar em qual região do Jardim Catarina a operação ocorria. Depois de responder repetidas vezes a mesma informação sobre os baleados na BR-101, o órgão se limitou em dizer que “a operação seria realizada em todo o perímetro da referida comunidade”.
No entanto, segundo a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Gonçalo, as escolas fechadas devido à operação foram a Escola Municipal Santa Luzia, em Santa Luzia, o Ciep 051 Municipalizado Anita Garibaldi e a Umei Professor Augusto de Freitas Lessa. Os dois últimos, na Ipuca, ficam no Jardim Catarina e margeiam a BR-101.
Outras escolas municipais e estaduais como, C. E. Trasilbo Filgueiras, C. M. Irene Barbosa, E. M. Prefeito Nicanor, E. M. Professora Aída Vieira funcionaram normalmente.
De acordo com informações da Secretaria de Saúde, todas as unidades de saúde do Jardim Catarina também funcionaram normalmente na última terça-feira (2). Isso reforça que algumas regiões do bairro sequer ficaram sabendo da operação.
‘Informação’ que não informa
Ao ser perguntada sobre quais escolas estaduais foram afetadas durante a ação policial, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro se limitou a dizer que “três escolas estaduais precisaram ser fechadas na região”. Mesmo com a insistência da equipe do O Catarinão em saber quais eram, não tivemos retorno até o fechamento desta matéria.
Para os moradores, a falta de informação impacta diretamente no dia a dia e no entendimento das regiões afetadas pela operação. Afinal, uma escola que funciona normalmente na rua 4 e outra que fecha na rua 52, por exemplo, é o que mostra, de fato, quais regiões tiveram o cotidiano modificado pela ação policial.
A falta de transparência dos órgãos públicos não é apenas uma falha burocrática; é um problema que atinge diretamente a vida dos moradores. Afinal, a informação sobre quais regiões foram de fato afetadas é crucial para que as pessoas possam se proteger e, principalmente, entender a realidade do seu próprio território. O Catarinão, existe justamente para tentar preencher essa lacuna. O espaço segue aberto para manifestações.





