A origem do nome, o passado e o presente do bairro mais populoso de São Gonçalo

Venda dos lotes começaram em 23 de abril de 1953 dando início ao Jardim Catarina

Atualizado em 08/08/2025 às 19:08, por Samara Oliveira.

A origem do nome, o passado e o presente do bairro mais populoso de São Gonçalo

Imagem antiga do Jardim Catarina

Podemos dizer que o nosso querido Jardim Catarina tem exatamente 71 anos de idade, partindo da referência que sua data de aniversário seria 23 de abril de 1953. A data foi exatamente o dia em que iniciaram-se as vendas dos novos lotes, os quais surgiram nas terras da antiga fazenda Boa vista do Laranjal, para dar origem ao maior loteamento já visto no continente latino americano, o Jardim Catarina. 

Essa grande extensão de terras que hoje compreende os bairros do Jardim Catarina, Santa Luzia e Laranjal, durante a segunda metade do século XIX (19), e a primeira metade do século XX (20), formavam a grandiosa fazenda Boa vista do Laranjal, tendo como seu principal produto de exportação as laranjas. Ou seja, o Jardim Catarina enviava para outros países as laranjas que eram produzidas no território. Havia também uma pequena criação de gado, plantações de limão, abacaxi e mandioca, que além de serem utilizadas para o abastecimento interno e sustento dos “foreiros” — como eram chamados os funcionários que viviam na fazenda — também eram alimentos vendidos nas feiras da cidade de São Gonçalo. 

De onde vem esse nome? 

O nome Jardim Catarina foi inspirado no nome da mãe de Júlio Lima, antigo proprietário da fazenda, dona Catarina, que vivia em Portugal e não chegou a conhecer a fazenda. Assim como também homenageada foi a esposa do fazendeiro, Adelaide Lima, que teve seu nome colocado na primeira rua de entrada do loteamento, hoje chamada popularmente de rua 1. Apenas o nome do território e a rua 1 são de pessoas ligadas diretamente à história do Jardim Catarina. 

Referindo-se a primeira parte loteada chamada de Jardim Catarina velho, aos poucos as ruas foram sendo batizadas pelos e com nomes de poetas, escritores, políticos, militares, engenheiros, advogados e algumas figuras históricas como Imperador Floriano, Gonçalves Lêdo, Raposo Botelho, Benjamim Franklin, Pandiá Calógeras e Padre Vieira. Outras curiosidades sobre os nomes escolhidos, é que uma única rua tem nome de santo no primeiro loteamento, a rua Saint Diniz (rua 22, do Colégio Estadual Trasilbo Filgueiras), outra leva o nome de um país, a rua Finlândia (rua 23), e uma outra rua tem nome indígena, a rua Piracanjuba, localizada na 58, dentro da região conhecida como Ipuca. 

Jardim Catarina velho: por que da rua 10 pula direto para rua 13? 

Uma dúvida pertinente na memória dos moradores, é porque da rua 10 pula para rua 13. Afinal, não existem as ruas 11 e 12 no Jardim Catarina Velho? Com o passar do tempo após o surgimento do loteamento, os moradores pegaram o costume de chamar as ruas transversais por números, ou seja, partindo da entrada, rua 1, rua 2, rua 3 e por aí vai. No

início o centro comercial do Jardim Catarina se concentrava na Avenida Santa Catarina entre as ruas 1 e 10, ali encontravam-se os principais comércios como mercados, açougues, imobiliárias, farmácias e etc. Ou seja, dentro do costume popular de numeração das ruas, as ruas 11 e rua 12 são as duas vias principais que cortam o loteamento, a Avenida Santa Catarina e a Avenida Albino Imparato. Porém não se sabe porque esse costume não “pegou” nas avenidas principais, sendo essas chamadas pelo nome do logradouro até os dias atuais. 

Uma favela que pulsa resistência negra 

Para quem não sabe, entre as ruas 59 e 62 do Jardim Catarina Velho existe uma localidade chamada "Quilombo", sim, Quilombo. Porque de fato, foi um. Quilombo é o nome dado a comunidades formadas por pessoas que fugiram da escravidão, ou que são descendentes de ex-escravizados. A palavra vem do idioma africano quimbundo, que significa "sociedade formada por jovens guerreiros". 

Durante o século XIX (19) pessoas escravizadas que fugiam da fazenda de cana de açúcar do Colubandê, corriam pela mata e conseguiram se instalar às margens do rio Guaxindiba, atualmente rio Alcântara, nos fundos da região que viria ser a antiga fazenda Boa vista do laranjal. Permaneceram por ali durante décadas e após a abolição da escravidão em 1888, continuaram vivendo ali seus descendentes. Nas décadas de 1970 e 1980, ainda era possível visitar o lugar repleto de grandes pomares e pastos, onde ainda existiam algumas antigas casas construídas pelos escravizados, como o poço e o pilão de café. 

A habitação desse local pelos ex escravizados só foi possível porque na época que as máquinas começaram as obras de loteamento, chegaram inicialmente até a rua 35, rua Ouro fino, que ainda ficava bem distante da região do quilombo. O Jardim Catarina surgiu como loteamento, ganhando apenas a condição de bairro no início da década de 1960 decretada pelo prefeito Joaquim Lavoura. Portanto, dizer que o Jardim Catarina é o maior bairro da América Latina pode ser uma afirmação equivocada, quando na verdade pode-se afirmar que o Jardim Catarina é sim, o maior loteamento da América Latina.